Jornal da Cidade de Bauru – 06/01/2008
Não existem fórmulas mágicas para se livrar das dívidas de começo do ano, garantem os especialistas. “A única solução é organização. Por exemplo: todo mundo sabe que, em janeiro, vencem os impostos predial e territorial urbano (IPTU) e sobre a propriedade de veículos automotores (IPVA), mas pouca gente reserva o 13.º salário para pagar tais tributos. Em vez disso, as pessoas preferem gastar todo o dinheiro extra que recebem em dezembro com presentes e festas e acabam ficando sem condições de honrar os compromissos que assumiram”, avalia o economista Carlos Sette.
Pessoas que se prepararam para janeiro terão condições de obter descontos quando forem pagar as contas. Foi o que ocorreu com a dona de casa Ana Lúcia de Andrade Volpe, 42 anos. Ela não gastou o 13.º salário do marido em dezembro – preferiu guardá-lo – e agora poderá quitar à vista o IPVA, aproveitando, dessa forma, o desconto de 3% oferecido pelo governo do Estado.
A comerciante bauruense Sônia Fumiko Otofuji, que não recebe 13.º salário, costuma deixar dinheiro reservado para as despesas de começo de ano. Ela pretende quitar IPTU à vista e pagar o IPVA de maneira parcelada. “Se não nos prevenirmos para janeiro, corremos o risco de terminar o ano no aperto”, pensa ela.
De acordo com a economista Márcia Elaine da Silva Almeida, o ideal seria que as demais pessoas começassem a se mirar nos exemplos de Volpe e Otofuji. “Se reservarmos uma pequena quantia, todos os meses, chegaremos em janeiro com dinheiro suficiente para cobrir todas as nossas despesas”, pensa.
Economistas também alertam que as famílias devem aprender a evitar gastos desenfreados, principalmente nos primeiros meses do ano, quando se encontram com grande parte da renda comprometida com impostos, taxas de matrícula, listas de material escolar e dívidas adquiridas em dezembro.
“Hoje, muita gente adota um padrão de vida que não é compatível com o salário que recebe. Parece que os consumidores se deixam levar muito mais pelo lado emocional do que pelo racional na hora da compra. Adquirem produtos supérfluos e depois não são capazes de pagá-los”, avalia o economista bauruense Reinaldo Cafeo.
Tanto ele quanto Sette recomendam cortes no orçamento como forma de deter o avanço das dívidas. “Ninguém pode gastar mais do que ganha – isso vale tanto para as pessoas quanto para os países”, diz Sette.
“É possível eliminar gastos sem sacrificar nossa qualidade de vida. Temos que nos conscientizar de que o ato de se desfazer de um objeto supérfluo é menos prejudicial do que você passar noites em claro por conta de uma dívida impagável”, pondera Cafeo.
Colégios
Consumidores devem estar atentos, também, aos valores de mensalidades cobrados pelos colégios particulares, alertam os economistas. “Sempre que houver algum reajuste, os pais têm o direito de exigir que a escola apresente uma planilha anual de custos que justifique os aumentos”, explica o economista bauruense Reinaldo Cafeo.
A professora do curso de administração da Faculdade de Agudos (Faag) Márcia Elaine da Silva Almeida lembra que negociação é essencial na hora de acertar os valores da mensalidade escolar. “Os pais precisam lembrar que os colégios necessitam de alunos para continuar funcionando”, aconselha.
Foi dessa forma que a dona de casa Ana Lúcia de Andrade Volpe, 42 anos, conseguiu reduzir significativamente os gastos com a escola do filho de 5 anos de idade. “O colégio sempre está disposto a negociar, pois não está a fim de perder alunos”, diz. Atualmente, ela paga R$ 260,00 de mensalidade para uma escola situada na zona sul da cidade.
Rodrigo Ferrari