Assessoria de Imprensa – 14/09/2007
Iniciativa tem o objetivo de educar os menores enquanto aguardam a visita das mães aos seus pais.
Desde o mês de junho a Faculdade de Agudos (FAAG) desenvolve na Penitenciária 2 de Bauru o projeto “Brincando e Aprendendo”, que atende filhos de presos com até 10 anos de idade.
A iniciativa tem o objetivo de evitar que as crianças fiquem no pátio do presídio, na companhia de outros presos, enquanto suas mães vêem o marido ou companheiro. Algumas visitas são íntimas.
Os menores são assistidos com atividades pedagógicas coordenadas por professores e alunos bolsistas da faculdade. A sala onde funciona o espaço lúdico foi adaptada e decorada. Nela, as crianças assistem a teatros de fantoche, participam de contos de histórias, lêem gibis e livros infantis e participam de brincadeiras.
“Antes, essas crianças ficavam com os presos que não recebiam visitas. Com esse projeto, conseguimos evitar esse contato e proporcionar que eles tenham algumas horas de lazer e aprendizado sobre valores morais. Além disso, são incentivados ao mundo da leitura, extremamente importante para qualquer criança”, comenta Márcia Regina Vazzoler, mantenedora da FAAG.
Apesar de estar pouco tempo em prática, o projeto já mostra resultados satisfatórios, segundo a coordenadora Eliane Aparecida Zulian Delázari. Ela diz que muitas crianças tiveram sensível melhora de comportamento.
“Os resultados estão superando nossas expectativas. O avanço dos menores na socialização tem sido muito significativo. Temos um menino, que era muito arredio quando começou a participar das atividades conosco. Hoje, ele está mais obediente e solidário com as outras crianças. Ensina os amiguinhos a guardar os materiais, agradece e se despede das pessoas”, conta Delázari.
De acordo com a coordenadora do projeto, alguns menores têm comportamento difícil e enxerga o presídio como um ambiente normal de visita. “São esses aspectos que queremos mudar. Trata-se de uma cultura gerada pela própria família, que precisa ser alterada agora. Essas crianças não podem continuar com essa concepção, é necessário que aprendam a valorizar outras coisas, outros ambientes, outros costumes. Elas não podem continuar pensando que o presídio é um lugar bom para visitar ou viver”, destaca.
Adesão
Dos 16 alunos voluntários da FAAG que fazem parte do projeto, 12 são graduandos de pedagogia e quatro de administração. Carlos Augusto Martins Francisco, que cursa pedagogia, é um dos integrantes. Ele trabalha na penitenciária como agente de segurança e pesquisa sobre educação nos presídios e o trabalho de ressocialização através da educação. Para ele, o “Brincando e Aprendendo” oferece aos menores a possibilidade de ficar longe do mundo do crime e obter uma educação secundária.
“Quando o projeto não era realizado, essas crianças vivenciavam o mundo do cárcere de maneira muito próxima. Elas conviviam com os demais detentos, que não hesitavam em fumar ou falar palavrões perto delas”, conta. “Hoje, elas têm a condição de ter uma educação secundária, suprindo as deficiências das escolas que freqüentam”, completa.
O projeto é realizado aos domingos, das 8h às 15h30, atendendo cerca de 60 crianças. Em datas festivas, como o Dia dos Pais, esse número, praticamente, dobra.
Os interessados em fazer parte do “Brincando e Aprendendo” devem entrar em contato na FAAG pelo telefone (14) 3262-9400.
Lucien Luiz