Home Notícias Intérprete precisa ter formação acadêmica

Assessoria de Imprensa – 03/09/2007

A profissão de intérprete de libras precisa ser cada vez mais encarada com profissionalismo. Não basta apenas conhecer técnicas, mas ter capacitação suficiente para que o trabalho desenvolvido com alunos deficientes auditivos seja eficaz e não deixe lacunas que possam comprometer a comunicação. É o que defende a psicóloga e professora-doutora Ana Cláudia Balieiro Lodi, da Universidade Metodista de Piracicaba (Unimep).

“Hoje, no Brasil, faltam profissionais capacitados para trabalhar com alunos surdos e a academia tem papel fundamental na formação desses professores”, pontua ela, que esteve na FAAG dia 29 de agosto, quando ministrou palestra sobre o assunto.

A professora diz que a profissão está banalizada, já que grande parte das pessoas que trabalham como intérprete de línguas não possui graduação na área. “É um descaso com o profissional, porque essa realidade nos dá a impressão de que qualquer um dá conta do recado”. Mas, não é bem assim. O ofício, ressalta a professora, necessita de dedicação e, principalmente, de estudo acadêmico.

“Ser intérprete pede, fundamentalmente, o conhecimento da língua de libras. Mas, não somente saber palavras, saber também empregar essa língua de forma adequada”, diz.

Para Lodi, ainda há muito o que se fazer para a profissionalização do ensino de libras no País. Segundo ela, em todo o Estado de São Paulo, apenas três instituições de ensino superior oferecem o curso (Ribeirão Preto, Piracicaba e Agudos com a FAAG – Faculdade de Agudos). “E nos outros Estados do Brasil, quantas faculdades têm essa graduação? Provavelmente, são poucas também”, conclui.

Lei

Foi em 2002 que a libras foi reconhecida como língua oficial dos deficientes auditivos. Três anos depois, em 2005, o decreto 5.626/05 foi criado, prevendo a presença de professores especializados nas salas de aula. O prazo para a concretização dessa medida venceu em dezembro de 2006. Porém, as instituições de ensino, assim como qualquer outro local onde exista atendimento à população, ainda estão distantes de começar a cumprir esse decreto.

“Para isso de fato acontecer, é preciso investir em mais centros de capacitação. Porque, se esse decreto foi criado, é preciso dar condições para que seja cumprido”, enfatiza Lodi.

De acordo com ela, até 2008, as faculdades de todo o País precisam incluir o ensino de libras na grade curricular de todos os cursos de educação e fonoaudiologia que oferecem.

“Não dá para esperar a vontade do governo. Essa necessidade não vai se efetivar de cima para baixo, bem pelo contrário. A sociedade tem de cobrar uma postura mais firme em relação ao ensino de libras.”

<>O pátio da FAAG ficou lotado de alunos – dos três cursos de graduação (administração, pedagogia e turismo), além de diversas pessoas que vieram de fora para assistir a palestra.

Lucien Luiz