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Agudos – 12/05/2007 – Jornal da Cidade de Agudos

A imagem da minha primeira professora continua intacta na minha memória…

Hoje, como professora me pergunto o porquê de tamanha admiração por aquela mulher. Tento organizar as idéias no afã de descobrir e chego a algumas conclusões ou algo parecido. Pra isso me questiono: qual a sua técnica de trabalho? Como era seu relacionamento comigo? O que ela fazia de especial? O que me ensinava de tão importante?

Imagens e falas passadas me respondem. Quando penso na técnica ou na didática a vejo como algo que hoje se aproximaria da pedagogia do afeto que conhecemos através dos trabalhos de Gabriel Chalita. Ela me ensinava pelo sorriso, pelo toque, pelo olhar às vezes de consentimento às vezes de reprimenda. Ela falava muito em alguns momentos e admito que não entendia muita coisa, mas também falava pouco e me fazia entender muito.

Claro que também pegou na minha mão pra firmar o traçado daqueles pequenos esboços e garranchos que dela saíam. E no mais tradicional dos métodos me colocou sim várias vezes de castigo.

Aos meus olhos seu relacionamento comigo era sempre diferente em relação ao que ela mantinha com outras crianças. Eu sempre parecia especial. Mesmo magrela, descabelada e banguelinha…

O que ela fazia de especial além de ensinar e contar histórias era claro, a merenda! Como esquecer bolos de cenoura e leite quentinho nas tardes frias de inverno?

O que ela me ensinava de tão importante? Além de reforçar a letra, melhorar a tarefa me dizia que era feio falar palavrão, comer com a boca cheia, bater nos amigos. Obrigava-me a pedir por favor, com licença e dizer sempre: – obrigada!.

Ah! Tinha de dar o lugar para os mais velhos, oferecer o que estivesse comendo para outras crianças e guardar os brinquedos que deixava espalhados.

É claro que tinha o lado misterioso dela sempre descobrir as artes que eu aprontava, de estar sempre por perto quando eu me machucava e de forma muito suspeita se antecipar a vários perigos de infância como surras de amiguinhos, falta de merenda, febres e piolhos…

Você teve uma primeira professora assim?

Gostaria que todos tivessem tido.

A minha ainda hoje continua próxima de mim. Me salvou em muitas outras ocasiões, inclusive na adolescência. Ainda hoje me ensina só com o lhar…

Seu nome é Ilza Benedita. Mas sempre foi mais fácil chama-la de MÃE.

Beijo a todas as primeiras professoras do mundo!

Feliz dia das mães.

Juliana Araújo