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Jornal da Cidade – 06/01/2008

O começo do novo ano traz consigo, invariavelmente, um velho problema que compromete a qualidade de vida dos brasileiros comuns: o das dívidas. Depois de gastar todo o dinheiro do 13.º salário com festas e presentes, muitas pessoas irão entrar em janeiro sem recursos para pagar à vista os impostos predial e territorial urbano (IPTU) e sobre a propriedade de veículos automotores (IPVA).

Para piorar, nesta época as famílias costumam estar com parte expressiva de seu orçamento comprometida com matrículas de colégios particulares e listas de material escolar. Não há fórmulas mágicas para fugir do aperto: se não quiserem se afundar no endividamento, as pessoas precisam frear o consumo e cortar os gastos supérfluos do dia-a-dia.

Esta, pelo menos, é a recomendação feita por economistas consultados pelo Jornal da Cidade a respeito do assunto. “Temos de aproveitar o começo do ano para refletir como estamos levando nossa vida financeira. As pessoas precisam entender que não podem adotar um padrão de vida que não seja condizente com seus rendimentos”, pondera o economista bauruense Reinaldo Cafeo.

O ideal, explicam os economistas, seria que todo mundo tivesse reservado dinheiro para saldar as dívidas já em janeiro. “Pagando as contas à vista, as margens de negociação aumentariam e as pessoas teriam condições de obter descontos – inclusive nos impostos”, explica a professora do curso de administração da Faculdade de Agudos (Faag) Márcia Elaine da Silva Almeida. Contribuintes que quitam o IPVA antecipadamente, por exemplo, obtêm uma redução de 3% no valor total do tributo.

Para se ter uma idéia de quanto IPVA, IPTU, taxa de matrícula e material escolar comprometem a renda das pessoas nesta época do ano, o economista bauruense Carlos Sette realizou, a pedido do JC, uma projeção baseada no orçamento de uma família bauruense (cuja identidade não será revelada) composta por quatro indivíduos – mãe, pai e dois adolescentes que estudam em colégio particular.

A renda do grupo em questão é de aproximadamente R$ 2.000,00 ao mês. Caso quisesse pagar à vista o IPVA de seus dois automóveis populares usados, o IPTU da casa localizada na Vila Falcão e as taxas de matrícula do colégio dos filhos (o valor das apostilas usadas no curso está incluso nas mensalidades das escola), o casal seria obrigado a gastar R$ 1.980,00, de uma só vez. Sobrariam apenas R$ 20,00 para alimentação, remédios, energia elétrica, água e telefone.

Fuja dos bancos

Segundo o economista, a opção para aqueles que não guardaram o 13.º e não possuem algum tipo de aplicação bancária é fazer o pagamento parcelado dos tributos. Nesse caso, por exemplo, o valor do IPVA poderia ser dividido em até três parcelas, a uma taxa de juros de 3,09% ao mês.

Ainda assim, a família ficaria durante três meses com metade da renda comprometida com tributos e taxas de matrícula. “Vamos tentar eliminar algumas despesas do cotidiano e, em último caso, iremos recorrer ao cheque especial”, explica Angélica, mãe da família que teve o orçamento analisado por Carlos Sette.

Emprestar dinheiro de bancos ou financeiras para quitar os impostos não é algo vantajoso, explica Sette. “A taxa de juros praticada por essas categorias de crédito é muito alta (cerca de 85% ao ano)”, diz ele.

As únicas linhas de financiamento preferíveis ao parcelamentos do IPVA proposto pelo governo são os empréstimos consignados (com desconto em folha de pagamento). Isso porque tais modalidades de crédito cobram taxas de juros bem mais baixas do que os 3,09% mensais com que o contribuinte teria de arcar caso resolvesse quitar o tributo de maneira parcelada.

<>Rodrigo Ferrari