Home Notícias Libras: o caminho da inclusão

Assessoria de Imprensa – 05/07/2007

Em muitas escolas, a disciplina ainda é vista como desnecessária e pouco importante para a formação acadêmica do professor. O ensino de libras nos cursos de pedagogia é raro, o que sinaliza mais uma barreira para a efetivação da educação inclusiva no País.

A Faculdade de Agudos (FAAG) é uma das poucas instituições de ensino superior do Estado de São Paulo e até do Brasil a contemplar a disciplina na grade curricular dos estudantes de pedagogia. Trata-se de uma linguagem de sinais, que possibilita ao educador uma comunicação mais compreensiva com o aluno deficiente. “É como se fosse a língua portuguesa, porém a pessoa se expressa com as mãos”, diz Elomena Barbosa de Almeida, que leciona a disciplina na FAAG.

Ela, que é deficiente auditiva, conhece a tamanha importância da linguagem de sinais para o docente e, principalmente, para o aluno que possui a deficiência. “Eu sofria muito quando estudava no ensino fundamental. A professora não me entendia e me tratava com uma certa rigidez. Para se ter idéia, ela só me deixava ir ao banheiro se eu conseguisse expressar o pedido através dos lábios. Me sentia muito rejeitada e humilhada”, conta Elomena.

A professora lembra que aprender a língua portuguesa não foi fácil, apesar das intensas sessões de fonoaudiologia. “O professor falava e eu não entendia nada. Me confundia muito com algumas palavras, como pato e mato. A leitura labial é, praticamente, a mesma”, acrescenta. Mas, os obstáculos não foram suficientes para vencer a determinação da educadora, hoje formada em pedagogia, pós-graduanda em educação especial e universitária do curso de letras, com especialização em libras pela Universidade de São Paulo (USP). Ela considera que, especialmente no ensino fundamental, é preciso preparar o docente para trabalhar com o aluno deficiente. Na sua opinião, é a fase escolar onde o preconceito é mais latente, inclusive do educador. “Infelizmente, o governo não investe na inclusão. Nenhum plano ou lei trata do assunto com profundidade e eficiência”, critica. Para ela, também falta informação sobre o tema. Na sua opinião, a sociedade ainda conhece muito pouco a respeito da deficiência.

Hoje, na FAAG, Elomena leciona libras para 17 alunos de pedagogia. Ela garante que em um mês, o graduando já consegue entender consideravelmente a linguagem. “É fácil. A grande maioria não enfrenta dificuldade para aprender. Na FAAG o interesse dos alunos é muito grande. Eles levam a sério as aulas. Muitos já trabalham com deficientes dentro da área da educação”, explica.

Mercado de trabalho

Conhecer libras e saber usar essa linguagem é fundamental em qualquer atividade profissional, com maior necessidade entre os professores, avalia Elomena, que leciona da disciplina na FAAG.

<>“O profissional pode usar o conteúdo em escolas especiais, em clínicas médicas, seja para trabalhar com advogados, juízes, enfim, ele terá uma formação de intérprete”, ressalta a professora. No caso de Elomena, ter aprendido libras foi fundamental para que ela pudesse superar os entraves sociais gerados pela deficiência. Estudando, conseguiu driblar as dificuldades e se consolidar no mercado de trabalho. Hoje, além da FAAG, trabalha como professora de libras na Universidade Metodista de Piracicaba (Unimep) e numa escola estadual de São João da Boa Vista. Também é coordenadora da Federação Nacional de Educação e Integração de Surdos (Feneis).

Lucien Luiz