Home Notícias Jornada de Pedagogia termina com resultados positivos

Assessoria de Imprensa – 08/06/2008

A terceira edição da Jornada de Pedagogia da FAAG foi muito mais que uma série de palestras e oficinas que envolveram os participantes com o tema “Espaços, possibilidades e ferramentas do pedagogo na atualidade”. O evento, realizado entre 2 e 6 de junho, no campus da faculdade, possibilitou aos estudantes do curso um intercâmbio de informações, que muito contribuirá na formação como profissionais pedagogos.

Na opinião da professora Juliana Araújo, coordenadora do curso de Pedagogia da FAAG, a jornada cumpriu todos os objetivos esperados.

“Conseguimos esclarecer, ampliar horizontes, construir contatos importantíssimos, possibilidades de estágios, de estudos. Nosso objetivo foi esse, tirar o aluno da teoria, que também é importante, e mostrar as possibilidades, que foram o tema dessa jornada. Só o fato da gente ter falado sobre exclusão, da questão indígena, ressocialização, adolescência, que são assuntos marginalizadas na educação, considero que obtivemos um resultado muito satisfatório e extremamente eficaz”, ressaltou.

Durante toda a semana, os graduandos tiveram a oportunidade de discutir, debater e ouvir sobre assuntos polêmicos, mas que ainda não recebem a atenção devida pela educação brasileira. Em pauta, estiveram palestras, como "Pedagogos na educação infantil", "Prevenção do estresse ocupacional no trabalho de professores", "Planos de ensino individualizados em salas de aula inclusivas", “O pedagogo e sua atuação junto a grupos marginalizados”. Além disso, oficinas também foram ministradas: "Arte na escola: dança e teatro", "Dinâmicas de grupo em sala de aula", "A prática pedagógica no espaço virtual: a WebQuest como recurso didático", e "Como falar em público".

<>Educação x marginalidade

O tema “O pedagogo e sua atuação junto a grupos marginalizados” foi a discussão da jornada no último dia do evento, na sexta-feira, 6 de junho. Ministrada pelo professor José Roberto Lemos, professor da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), o debate levantou a polêmica de como educar menores infratores, proporcionando a ressocialização. Veja os principais trechos da entrevista, que Lemos concedeu à assessoria de imprensa da FAAG.

<>De que forma o pedagogo pode atuar entre os grupos marginalizados?
Roberto:
Desde que o pedagogo tenha um olhar de educador com os adolescentes infratores, ele pode e deve trabalhar com esses menores uma reflexão crítica e positiva à sua própria condição. Este, é um trabalho de extrema importância, porque esse menino infrator, repensando a sua situação, provavelmente vai tomar uma posição diferenciada daquela inicialmente.

<>Qual o tipo de ato infracional mais comum cometido entre os adolescentes que o sr. atende, em São Carlos?
Roberto:
No topo está o tráfico de entorpecentes, seguido pelo roubo e depois o furto. Homicídios não aparecem. A faixa etária mais comum fica entre 14 e 17 anos.

<>Em geral, a família se compromete na tentativa de ajudar a recuperar o adolescente infrator?
Roberto:
Normalmente sim. Primeiro há uma convocação judicial, para que a família compareça, pelo menos, uma vez por mês, para saber como está ocorrendo o processo de reeducação do filho. Mas, esses familiares também passam a ter contato com uma terapeuta familiar, que trabalha as questões da família, seus valores. Precisamos incluir a família nesse processo porque o adolescente infrator é o resultado de algum problema familiar.

<>A educação é a ‘salvação’ para esses menores infratores?
Roberto:
Acho que ela é uma das (salvações). Na verdade, é um grupo de fatores. Não adianta ter educação, mas não ter o que comer ou o que beber. Com barriga vazia, ninguém aprende. A educação e a saúde formam o eixo principal no Brasil.

<>Durante sua palestra, o sr. criticou o modelo tecnicista de educação. Quando se refere ao educar, quer dizer educação como instrumento de formação?
Roberto:
Exatamente. Não descarto a técnica, porque muitas vezes é necessário memorizar algumas fórmulas. O problema é que não podemos ensinar apenas técnicas. Este é um modelo americano implantado no Brasil, através de uma difusão provocada pelos Estados Unidos. Mas, se esqueceram que somos uma sociedade diferenciada. É preciso ponderar. É preciso da técnica, mas também ser formador. A teoria e a prática sempre precisam caminhar juntas.

<>Lucien Luiz