Confira coluna escrita pela Mantenedora e Diretora Acadêmica da FAAG para o Jornal Pedra de Fogo de Lençóis Paulista
Você já se perguntou se é de esquerda ou direita? Não leve em consideração os atuais representantes políticos do Brasil ou do mundo, mas sim o que cada conceito engloba. Então, primeiro vamos falar, rapidamente, sobre o surgimento dos termos esquerda e direita.
Durante a Revolução Francesa, nas assembleias do governo, os apoiadores do rei se sentavam à sua direita, enquanto que os revolucionários se sentavam à sua esquerda, lembrando que o lema da Revolução Francesa era Liberdade, Igualdade e Fraternidade, daí os termos direita e esquerda.
Trazendo para os dias de hoje, a política de esquerda e de direita discutem de que forma o governo deve atuar para garantir o direito dos cidadãos. A esquerda privilegia a igualdade enquanto que a direita privilegia a liberdade. A igualdade está, geralmente, associada à ideia de dar para todos o direito à saúde, educação, segurança, moradia e, de forma mais ampla, igualdade de oportunidade para todos. Já a liberdade está associada ao direito de expressar publicamente suas opiniões e, principalmente aos princípios de livre iniciativa, livre comércio e propriedade privada. De um lado temos o socialismo e de outro o capitalismo. No socialismo (ou Estatismo) a atuação do Estado é maior, enquanto que no capitalismo (ou Liberalismo) a interferência do Estado é menor.
Qual a sua opinião até o momento, você é de direita ou de esquerda? Precisa de mais informações para decidir? Vamos lá, pois há pontos positivos e negativos em ambas a posições que merecem ser analisados.
A política de direita tende a gerar maior desenvolvimento econômico para o país, muito por causa do esforço individual de cada cidadão para concorrer no mercado de trabalho, ou mesmo dos empreendedores para ter sucesso econômico, o que gera mais inovação e aumento da produtividade. Por outro lado, esse modelo de política pode gerar maior desigualdade social, pois nem todos os indivíduos conseguem autonomia econômica, com poucos cada vez mais ricos e muitos cada vez mais pobres, ocorrendo a concentração do capital e gerando conflitos e violência entre ricos e pobres.
A política de esquerda, também chamada de paternalista, visa gerar o ‘bem-estar social’. Aqui o Estado assume a responsabilidade pela segurança econômica do cidadão e garante os seus direitos, o que reduz a miséria e a desigualdade, consequentemente a violência. Mesmo o cidadão com menor capacidade de competir, produzir ou inovar é protegido e incluído no mercado de trabalho, o que pode provocar estagnação econômica para o país. Um Estado paternalista que toma conta de tudo e de todos e que não estimula a competição, a longo prazo, tende a se tornar inchado e corrupto e pode destruir as conquistas de bem-estar social alcançadas.
O nazismo na Alemanha, que teve como líder Adolf Hitler, era de direita ou esquerda? A Rússia, atualmente com seu líder Putin, é de direita ou esquerda? O governo de Barack Obama que implementou o obamacare, era de direita ou esquerda? A Coreia do Norte, com seu líder Kim Jong-um, que vive em conflito com a Coreia do Sul, que tem como líder Yoon Suk-yeol são governos de direita ou esquerda. E a China, potência econômica que tem como líder Xi Jinping e atualmente apoia Putin?
A dicotomia é algo que precisamos refletir, pois parece que sempre temos que abrir mão de algo: se temos igualdade não temos liberdade para buscar as oportunidades de crescimento pessoal; se temos liberdade não temos segurança, em função da desigualdade social. Será que é assim mesmo?
Temos alguns exemplos de países que parecem ter encontrado o equilíbrio entre o Estado do bem-estar social e o liberalismo, são eles: Dinamarca, Finlândia, Islândia, Noruega e Suécia. Todos esses países são, atualmente, de centro-esquerda, o que não acontecia há 60 anos, e ainda quatro deles são liderados por mulheres. Por meio de acordos entre governo, empresários e sindicatos esses países começaram a construir, nos anos 1930, modelos de Estado de bem-estar social de sucesso, mesmo com a interferência de governos de centro-direita, o Estado de bem-estar social se manteve e a economia se desenvolveu de forma ímpar. Todos esses países integram a lista de economias desenvolvidas, sendo que a Noruega está 1º lugar, em relação ao IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) e os outros 4 países compõem os top 10 em relação a esse mesmo índice. Estar entre os 10 primeiros colocados se aplica também para o PIB per capta desses países.
O que observamos no mundo inteiro são governos que mudam de tempos em tempos, hora são de esquerda, hora são de direita. O grande desafio dos políticos (e eleitores que escolhem os políticos) é encontrar o equilíbrio, pois os extremos nunca são a melhor opção.
Marcia Regina Vazzoler
Mantenedora e Diretora Acadêmica da Faculdade de Agudos
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